PRÉVIA (n.t.) 3º

Canto de guerra das coisas | Canto de guerra de las cosas
Joaquín Pasos

O texto: Canto de guerra das coisas - escrito sob a sombra da situação política da Nicarágua e das notícias vindas da Europa sobre a segunda guerra mundial - é um dos últimos poemas de Joaquín Pasos, espécie de escrito-testamento onde se evidencia a força das imagens líricas e o desregramento linguístico do poeta, que o aproxima do surrealismo, ainda que Antonio Quadra tenha afirmado que o Canto segue a estrutura de um sermão. O que não é incoerente, pois em sua modernidade Pasos não desprezou a tradição, em muitas de suas poesias há uma ligação estreita com Góngora e Quevedo como, por exemplo, no uso da rima e da métrica clássica espanhola. Ou seja, Pasos é um desses poetas completos, herdeiro da tradição e em dia com seu tempo, e o seu Canto é um exemplo dessa completude, o que lhe concede o caráter de imortalidade, próprio da boa poesia.
Texto traduzido: Pasos, Joaquín. Canto de guerra das coisas. São Pedro de Alcântara: Edições Nephelibata, 2008.

O autor:Joaquín Pasos nasceu em 14 de maio de 1914, em Granada, Nicarágua. Por volta de 1927, morando temporariamente em Manágua, e com apenas 14 anos de idade, impressionou José Coronel Urtecho e os poetas de vanguarda com seus versos, a partir daí incentivados e publicados por eles. Dois anos depois ingressa no grupo vanguardista e passa a residir na capital. Com a rapidez e o fulgor de um messias, tornou-se um nome de referência na poesia hispano-americana. Anticlerical, antiamericano e satírico - foi por isso mandado à prisão várias vezes - seus desregramentos, tanto poéticos quanto existenciais, nos faz pensar na rebeldia de um Rimbaud ou Artaud. Faleceu em 20 de janeiro de 1947, aos 32 anos, devido ao excesso de álcool. Publicou apenas em jornais e revistas, sendo seus textos publicados em livros postumamente, primeiro sob o título Breve suma (1947), com um prefácio de Pablo Antonio Quadra, depois sob o título Poemas de un joven (1962), organizado por Ernesto Cardenal.

O tradutor: Camilo Prado, natural da província de Santa Catarina, é narrador, tradutor e editor. Em tradução tem: Flores fúnebres e outros contos cruéis de Villiers de L’isle-Adam, Tendências atuais da filosofia de Jean-Yves Béziau, O amigo dos espelhos de Georges Rodenbach, A cidade adormecida e outros contos fantásticos de Marcel Schwob, Contos fantásticos de Rubén Darío, e no prelo: Claire Lenoir (novela) de Villiers de L’isle-Adam e A estátua de sal (contos) de Leopoldo Lugones.



☞ PASOS, Joaquín. Canto de guerra das coisas | Canto de guerra de las cosas.
Trad. Camilo Prado. (n.t.), n. 3, v. 2, set. 2011, pp. 10-24.


© (n.t.) Revista Nota do Tradutor
ISSN 2177-5141